Reflita sobre o que o autor diz:
“O olho tropeça com o corpo de duas maneiras diferentes. Do lado do real, o corpo é puro gozar da vida; sem tempo nem limite; o sujeito se apaga, se situa nos automatismos do gozo que colam em cena a pulsão de morte através da pura repetição. O corpo ali goza da vida endereçada sem freio para a morte, da qual a subjetividade, ali em fading, (apagamento) não tem antecipação nem notícia. A falta de eficácia do significante deixa o sujeito à mercê da fragmentação corporal. O corpo explode enquanto o sujeito implode”. (pg.67)
“Os médicos, frente ao corpo, o fazem dormir, ouvem seus barulhos, o cortam, o costuram, o fotografam, o transparecem, o medem, o inibem ou excita, o – reduzem a partículas ou sistemas, esqueletos ou fibras, ácidos ou humores, tubos e conexões: e, se põem em movimentos, é só para melhorar medir ou observar.
Os psicanalistas, por sua parte, o imobilizam, o deitam no divã, o retiram do olhar, o significam ou insiginficam, o distanciam: escutam, quanto mais,seus ecos no discurso. Mas do corpo que se instala na dimensão do olhar, desse fantasma mudo que mexe e que se agita, que tropeça e cai, que se inibe e desorienta, que demanda suportes e vetores, quem se ocupa?
Vã ilusão dos médicos que supõem que a regulagem do neurônio, por si só, se organiza.
Vã ilusão a dos psicanalistas que, situados sem sabê-lo na posição religiosa do “levanta-te e anda”, supõe que a eficácia do significante basta para de-soldar o que o toque, a ferida, a tatuagem simbólica, chumbaram na carne como estereotipia motora.
Para concluir: acerca do amor e do corpo
A palavra alemã aggresion, como no espanhol e no português, remete a sua origem ao latim: aggredi, que significa dirigir-se a alguém, atacá-lo. Esta palavra latina deriva da raiz semântica gradi, que quer dizer andar. Isto não deveria surpreender-nos. Precisa-se da agressão para subtrair-se, de um lado, às urgências da pulsão e, do outro lado, ao imperativo do Outro.”(pg.72)
“Se é pelo amor da mãe que a criança sente-se chamada, é precisamente por dizer não a esse amor que a criança anda.” (pg.73
Extraído do livro:
Jerusalinsky, A. (1999). Psicanálise e Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre: Artes e Ofícios.
“O olho tropeça com o corpo de duas maneiras diferentes. Do lado do real, o corpo é puro gozar da vida; sem tempo nem limite; o sujeito se apaga, se situa nos automatismos do gozo que colam em cena a pulsão de morte através da pura repetição. O corpo ali goza da vida endereçada sem freio para a morte, da qual a subjetividade, ali em fading, (apagamento) não tem antecipação nem notícia. A falta de eficácia do significante deixa o sujeito à mercê da fragmentação corporal. O corpo explode enquanto o sujeito implode”. (pg.67)
“Os médicos, frente ao corpo, o fazem dormir, ouvem seus barulhos, o cortam, o costuram, o fotografam, o transparecem, o medem, o inibem ou excita, o – reduzem a partículas ou sistemas, esqueletos ou fibras, ácidos ou humores, tubos e conexões: e, se põem em movimentos, é só para melhorar medir ou observar.
Os psicanalistas, por sua parte, o imobilizam, o deitam no divã, o retiram do olhar, o significam ou insiginficam, o distanciam: escutam, quanto mais,seus ecos no discurso. Mas do corpo que se instala na dimensão do olhar, desse fantasma mudo que mexe e que se agita, que tropeça e cai, que se inibe e desorienta, que demanda suportes e vetores, quem se ocupa?
Vã ilusão dos médicos que supõem que a regulagem do neurônio, por si só, se organiza.
Vã ilusão a dos psicanalistas que, situados sem sabê-lo na posição religiosa do “levanta-te e anda”, supõe que a eficácia do significante basta para de-soldar o que o toque, a ferida, a tatuagem simbólica, chumbaram na carne como estereotipia motora.
Para concluir: acerca do amor e do corpo
A palavra alemã aggresion, como no espanhol e no português, remete a sua origem ao latim: aggredi, que significa dirigir-se a alguém, atacá-lo. Esta palavra latina deriva da raiz semântica gradi, que quer dizer andar. Isto não deveria surpreender-nos. Precisa-se da agressão para subtrair-se, de um lado, às urgências da pulsão e, do outro lado, ao imperativo do Outro.”(pg.72)
“Se é pelo amor da mãe que a criança sente-se chamada, é precisamente por dizer não a esse amor que a criança anda.” (pg.73
Extraído do livro:
Jerusalinsky, A. (1999). Psicanálise e Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre: Artes e Ofícios.
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