O homem se faz ao se desfazer: não há mais do que risco,
o desconhecido que volta a começar.
O homem se diz ao se desdizer:
no gesto de apagar o que acaba de ser dito,
para que a página continue em branco.
Frente à autoconsciência como repouso, como verdade,
como instalação definitiva na certeza de si,
prende a atenção ao que inquieta, recorda que a verdade
costuma ser uma arma dos poderosos e pensa que a certeza impede a transformação.
Perde-te na biblioteca. Exercita-te no escutar.
Aprende a ler e a escrever de novo.
Conta-te a ti mesmo a tua própria história.
E queima-a logo que a tenhas escrito.
Não sejas nunca de tal forma que não possas ser também de outra maneira.
Recorda-te de teu futuro e caminha até a tua infância.
E não perguntes quem és àquele que sabe a resposta,
nem mesmo a essa parte de ti mesmo que sabe a resposta,
porque a resposta poderia matar a intensidade da pergunta
e o que se agita nessa intensidade.
Sê tu mesmo a pergunta.
(LARROSA, 2001, p.41)
Larrosa, Jorge. A Pedagogia Profana: danças, pirueta e mascaradas.
Traduzido por Alfredo Veiga Neto. 4º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001
o desconhecido que volta a começar.
O homem se diz ao se desdizer:
no gesto de apagar o que acaba de ser dito,
para que a página continue em branco.
Frente à autoconsciência como repouso, como verdade,
como instalação definitiva na certeza de si,
prende a atenção ao que inquieta, recorda que a verdade
costuma ser uma arma dos poderosos e pensa que a certeza impede a transformação.
Perde-te na biblioteca. Exercita-te no escutar.
Aprende a ler e a escrever de novo.
Conta-te a ti mesmo a tua própria história.
E queima-a logo que a tenhas escrito.
Não sejas nunca de tal forma que não possas ser também de outra maneira.
Recorda-te de teu futuro e caminha até a tua infância.
E não perguntes quem és àquele que sabe a resposta,
nem mesmo a essa parte de ti mesmo que sabe a resposta,
porque a resposta poderia matar a intensidade da pergunta
e o que se agita nessa intensidade.
Sê tu mesmo a pergunta.
(LARROSA, 2001, p.41)
Larrosa, Jorge. A Pedagogia Profana: danças, pirueta e mascaradas.
Traduzido por Alfredo Veiga Neto. 4º ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001
Que lindo!!!!
ResponderExcluir"Não sejas nunca de tal forma que não possas ser também de outra maneira."
ResponderExcluirEsta frase me remeteu a um de meus poemas.
http://www.paralerepensar.com.br/paralerepensar/texto.php?id_publicacao=11480
Beijos.
muito lindo...
ResponderExcluircada momento deve ser tão intenso que se sobreponha a todos os outros, fazendo de cada instante um navegar nas doces emoções e quando tudo isso parecer ter sido desprogramado pelos acontecimentos da vida... novos momentos ainda mais intensos virão se nos permitirmos assim vive-los...